eu começo (ou não começo)

Fiquei muito tempo - diria anos - tomando coragem de colocar meus textos em locais públicos. Tenho muito medo do escrutínio, das críticas, mas não somente porque ache que a internet é uma terra sem lei - sem moral, sem humanização, etc. -, mas principalmente porque tenho medo de me descobrir uma péssima escritora, sendo que só essa nomeação já me causa arrepios intensos de uma síndrome de impostora. Há também o medo das minhas máscaras que vão cair, de descobrirem que sou uma farsa (em vários sentidos). Medo de me sentir mais sozinha e não saber lidar com isso. 

Afinal, para que depois de tanto tempo resolvo finalmente publicar algo?

Bom, primeiro acho que tem a ver com um foda-se bem tímido, mas corajoso o suficiente para parar de pensar nisso e simplesmente escrever e publicar. Segundo, por uma vontade - talvez maior que a coragem - de falar. Confesso que fiquei lutando durante meses com a vontade de retormar o podcast, mas algo me cansou. Algo me trava e mesmo que tenha tido várias ideias, mais ainda durante a pandemia, fato é que não consigo. Entao, resolvi escrever como forma mais discreta de retomar alguma comunicação para fora. 

Terceiro que ouvi de mais de uma pessoa que deveria publicar meus textos e meus desenhos (sim, encontrei essa habilidade durante a pandemia e me ajudou a expressar algumas coisas), e isso me fortaleceu também a fazer essa doidice. 

Enfim, penso mto sobre a escrita sempre. Nos meus momentos mais confusos e desesperados escrevi. Coloquei ordem as sensações por meio das palavras. Por meio das palavras de outrem. Nos livros, poesias, relatos, rimas e lirismo. Que expressão da nossa humanidade mais bonita! 

Não sei exatamente ainda sobre o que escrever. Talvez publique textos já escritos (mesmo que pareçam e reflitam dores já passadas e não revistadas, portanto textos "defasados"), textos e opiniões, alguns de meus desenhos, fotos, compartilhar textos de pessoas muito mais competentes que eu... Vou sentindo. 

Quero deixar aberto também a quem quiser usar esse espaço. Quero interlocutores. Espero os ter. 

Uma ânsia louca de não me sentir tão só, mas compartilhando minhas solidões. 

Tentemos.